Migrações de classe???
A classe média alta aumenta, assim como as classes B, C e D sobem alguns degraus.
A procura por produtos e serviços exclusivos, aquecem a economia, e quem pode pagar mais, tem tratamento personalizado e diferenciado.
Mas...O que é luxo???
[Do lat. luxu.]
S. m.
1. Modo de vida caracterizado por grandes despesas supérfluas e pelo gosto da ostentação e do prazer; fausto, ostentação, magnificência.
2. Caráter do que é custoso e suntuoso.
3. Bem ou prazer custoso e supérfluo; superfluidade, luxaria
(Dicionário Aurélio)
Agora que já sabemos a definição, podemos continuar...
O mercado de Luxo, ainda é para poucos, um nicho particular, de suprema sofisticação.
Fazer parte desse segmento nem sempre se refere ao prazer do mais raro e caro, mas do status que a própria classe se define e impera sobre a sociedade.
No Brasil, estima-se que o consumo do luxo seja da ordem de R$ 2 bilhões por ano, segundo dados da Câmara de Comércio Americana.
O grupo Publicis Salles Norton realizou um estudo sobre esse setor no Brasil, levantando dados preciosos para entender esse mercado:
De 1980 a 2000, ou seja, em 20 anos, o percentual de famílias com renda média mensal de R$10.000 pulou de 1.8% do total da população brasileira para 2.4% (correspondendo a mais de 1 milhão de famílias).
Para os 1% mais ricos da população, a renda mensal é de R$ 23.388, sendo que a renda média da população brasileira é de R$ 1.608.
4 cidades concentram 50% das famílias mais ricas: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.
Há uma grande concentração geográfica das empresas de luxo no eixo Rio-São Paulo, seguido de Brasília e Porto Alegre. O restante do Brasil vem comprar em SP.
A questão da Marca...
Segundo Lucien Geargeoura, “marca é uma palavra ou símbolo (ou a combinação dos dois), de propriedade e utilização protegidas, através da qual, com cuidadosa administração, comunicação inteligente e largo uso, traz-se à mente do consumidor um conjunto atrativo e específico de valores e atributos tangíveis e intangíveis. Uma marca não é um simples nome, logotipo ou slogan publicitário aplicado a um produto ou serviço. Marca é gestalt (soma de percepções) para um produto ou serviço, seu grafismo e sua mensagem com valores implícitos.”
Para o mercado de produtos de luxo, a marca é primordial e deve transmitir uma história, uma genealogia, tradições e um código. A legitimidade de uma marca premium fundamenta-se sobre a qualidade intrínseca do produto e seu refinamento, mas também na “lenda” associada àquele nome (BARTH, 1996). A dimensão imaginária constitui uma parte essencial da marca de luxo, sua personalidade deve ter legitimidade. Através dos atributos emocionais, as pessoas deixam de comprar um produto para comprar um comportamento ou uma emoção.
Kevin Roberts Lovemarks, em seu livro chama a atenção para aspectos fundamentais do conceito de marca:
a marca oferece proteção legal para as qualidades únicas de seus produtos ou serviços e faz uma declaração sobre seus interesses de negócio; as marcas definem um território os consumidores apegam-se às marcas porque elas oferecem segurança quanto à qualidade do que foi comprado a marca, tanto do ponto de vista dos consumidores quanto das empresas, são um sinal de continuidade em um mundo em constante mutação.
Fica claro, portanto, que a marca, ou griffe, é de fundamental importância para os bens de luxo, tendo como principais funções sinalizar valor, criar e firmar uma imagem, garantir uma origem e qualidade.
Em um nível mais alto, a sua função prioritária é de diferenciação, sem esquecer sua mensagem gestáltica, de resumir a imagem e a promessa de um determinado bem.
Criar uma identidade de marca para o mercado de luxo exige ações consistentes, tanto nos aspectos tangíveis dos produtos (design, estilo, materiais refinados e raros) quanto nos intangíveis (origem e tradição da marca, imagem do usuário alvo, personalidade da marca).
Outra importante faceta das marcas de luxo é sua internacionalidade: ela está quase sempre ligada a uma origem bem definida (país, continente ou cidade) e tem que necessariamente passar por uma padronização de sua imagem onde quer que esteja. A universalidade, junto com a forte identidade de origem, é intrínseca à sua identidade. Dessa forma, o consumidor de luxo torna-se uma espécie de “cidadão do mundo”.
(CAROZZI, 2005)
Um exemplo de identidade...
A Chanel possui o que podemos chamar de um forte "código genético" de marca. Coco Chanel, a criadora original, deixou códigos muito precisos sobre o uso da marca e seus valores, que firmemente orientam as ações da empresa, com um sucesso inquestionável. Até hoje, mesmo estando sob a direção criativa de um outro ícone da moda (Karl Lagerfeld), os signos do estilo Chanel permanecem inabaláveis: o logo com dois Cs entrelaçados, os sapatos bicolores, as bolsas com correntes, os ternos de tweed, as longas bijuterias. Tudo dentro da filosofia de Mlle Chanel: rigor, linhas puras e vigorosas, força, simplicidade e postura. Graças
a esse trabalho de retenção de valores, a marca nunca perdeu sua unidade e a formidável força de sua imagem.
O mercado de Luxo cresce cada vez mais motivado pelo desejo de:
Ser único, de exclusividade e diferenciação.
O desejo de melhorar o auto-conceito, projetando sucesso e poder.
O desejo de exteriorizar a própria personalidade.
Necessidade de marcar a filiação a um grupo social almejado.
Hedonismo, desejo de estímulos aos sentimentos e estados afetivos, busca do próprio prazer, deleite ao excitar positivamente os órgãos dos sentidos.
Perfeccionismo, busca da melhor qualidade e de um desempenho superior.
O desejo de ostentação, de exibição da riqueza ou da conquista de uma ascensão social .
Motivação emocional ou a busca de uma experiência excepcional como compensação ou auto-indulgência.
Desejo de marcar-se como elite, old money, símbolo de status hereditário.
Ou seja no Mercado de Luxo, "você é o que você consome".
Blogbeijooooos! :-)